Presidido pelo vereador Serginho do Pilar (PP), o encontro contou com profissionais que atentaram para a inclusão e a garantia dos direitos das pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Abril é o mês de conscientização sobre o autismo, e a Câmara de Duque de Caxias, atenta à questão, realizou no dia 14/04 um encontro para tratar de ações e do apoio às famílias no município. Presidido pelo vereador Serginho do Pilar (PP), o encontro reuniu profissionais multidisciplinares e pais de pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
“A gente está no mês de Abril. Dia 2 foi o Dia Internacional de Conscientização sobre o Autismo, e depois do dia 2? Sou irmão atípico e a gente trouxe aqui hoje uma equipe multidisciplinar. É importante debater este assunto com pessoas competentes, qualificadas”, disse o vereador Serginho do Pilar.
A secretária municipal de Gestão e Inclusão, Anna Christina Barichello, revelou seu diagnóstico e como ele ajudou a transformar a sua vida. “Ter o laudo foi uma libertação porque consegui entender algumas características minhas. Eu tinha um hiperfoco que era fazer políticas públicas para ajudar os autistas”.
Após estudos, Anna Christina ressaltou o nascimento da Casa do Autista em sua terra natal, Balneário Camboriú (SC), onde atende as crianças no contraturno escolar com todos os tratamentos. Esta iniciativa chegou a Duque de Caxias que também terá a Casa do Autista que vai trazer muitos benefícios às pessoas com TEA e as suas famílias.
Michelle Gitahy, superintendente do Cuidado da Pessoa com o Transtorno do Espectro Autista da Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ), citou que, em dois anos de superintendência, foi feita uma análise situacional nos 92 municípios do Estado. “Este foi o nosso primeiro desafio: entender esse cenário de cada município. A meta da superintendência é organizar a linha de cuidado da pessoa com o TEA. É um passinho mesmo de cada vez, porém, estamos construindo uma grande jornada”, disse ela, apontando que é preocupante o número de crianças nas filas de diagnóstico.
O processo de aceitação logo após o diagnóstico e o papel da família na continuidade do tratamento em casa foram abordados pela psicóloga e neuropsicóloga, Kátia Bazete. “A família sabe do que estou falando: é seguir direitinho aquilo que a gente fala, aquilo que a gente direciona naquele momento”.
Também participaram do encontro a assistente social Simone Souza, a psicóloga Jane Lucy, a terapeuta ocupacional Sônia Ferreira, e a dentista e especialista em saúde integrativa, Renata Costa, que falou dos perigos da alimentação com corantes, agrotóxicos que fazem com que as crianças já nasçam com esta química em seus corpos e da necessidade de se resgatar uma alimentação mais natural.
A presidente do Instituto Rosa, Maria José Silva Costa, falou sobre o atendimento diferenciado da instituição que, ao longo do tempo, vem aumentando. “Já vemos crianças tendo desenvolvimento considerável. Como a Drª Kátia falou: a família. A família é muito importante na causa, para quem tem uma pessoa autista em casa, ela precisa dar continuidade ao tratamento que é iniciado pelo profissional”.
A advogada Previdenciarista, Cristiane Oliveira, falou da sua contribuição às pessoas com TEA em relação a garantia dos seus direitos e às famílias, e alertou para que as mesmas busquem orientações. “São muitos direitos que vocês têm e precisam saber. Eu sei que pessoas atípicas, famílias atípicas são guerreiras, então, nós temos a missão de colocar vocês num mundo melhor.
Autor do livro “Além do Autismo”, Caio Firmino disse que a obra compartilha não somente a trajetória de superação de seu irmão, mas também, o crescimento pessoal e as lições aprendidas pela sua família nesse processo. “Foi onde a gente teve que correr atrás para entender um pouco mais sobre o que é o autismo, como a gente poderia lidar com ele dentro de casa. Sempre é algo complicado e nós precisamos estar sempre com conhecimento para entender seu comportamento”.
Os vereadores Michel Reis (SD), Leone (MDB), Clovinho Sempre Junto (PDT) e Juliana do Táxi (PL) também fizeram as suas manifestações. “Nos últimos anos, temos avançado muito nessa pauta, mas ainda tem muito trabalho a ser feito, e é essencial que abordemos todos os estigmas e preconceitos que cercam esta condição e que, muitas das vezes, os autistas enfrentam”, disse Michel Reis.
“As crianças atípicas aqui, em Duque de Caxias, são acolhidas. Mas eu queria saber se a Secretaria de Educação foi convidada, para estar aqui, neste evento”, questionou Juliana do Táxi, destacando a falta de mediadores nas escolas.
“Como avô de autista, a gente vem lutando muito nesta causa do autista. Estou sempre no CER IV cobrando melhorias no atendimento. Estão tentando implantar a regulação, onde recebemos 11 mil ligações para três mil atendimentos”, ressaltou Clovinho, alertando que os demais municípios também precisam ter atendimentos para as famílias atípicas.
O vereador Leone também cobrou a presença de mediadores nas escolas, além de citar projetos importantes já aprovados pela Casa. “Temos mais de cinco mil crianças com laudos na rede municipal. Então, criei um projeto de lei para tornar função da rede municipal os agentes de apoio à inclusão para que possamos contratar estes profissionais através de concurso público”.
Mães atípicas apresentaram as suas demandas e questionamentos à mesa e foram prontamente respondidas. O superintendente da Câmara e ex-vereador Nivan Almeida, cerimonialista do encontro, ressaltou os trabalhos do vereador Serginho do Pilar que, no seu primeiro mandato, tem demonstrado sensibilidade à causa autista através de várias ações. “Você tem vontade, quer fazer, e a política precisa de pessoas assim”.
O vereador Serginho do Pilar mostrou-se satisfeito com a realização do encontro e garantiu ir em busca de mais políticas públicas em prol da causa autista. “Estou aqui, nesta Casa, juntamente com o presidente Claudio Thomaz, que é um defensor ferrenho desta causa, assim como os demais vereadores, e eu tenho os meus projetos para que a gente traga mais acessibilidade, atendimento e acolhimento às famílias”.